1. |
Criado Mudo
02:57
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Outrora era um criado-mudo
agora fala, já falou quase tudo
cartão de motel, papel do boréu
moça de fel e recado de bar
Tem foto minha cabeludo
chiclete, ficha telefônica em desuso
mais de cinco anos da minha vida
esparramados num segundo
De quebra a ponta de um cigarro
meio amarelado
junto a uma 3 por 4
e eu incriminado
Balinha, uma pontinha de frontal
e eu falei “já era”
uma foto da Monique
e o pôster da Vera
E o criado-mudo virou
a casa caiu
o criado mudo virou
Eu mato aquele cabeçudo
vou tacar fogo no criado que era mudo
mais de cinco anos da minha vida
esparramados num segundo
Depressa, caminhão na porta
primo, sogro e sogra
dando uma mão aqui, agora
dia de mudança
Pirralho, o filho do meu primo Hilário
acabou com a festa
deu um susto no meu sogro
e a turma indigesta viu
O criado mudo virou
a casa caiu
o criado mudo virou
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2. |
Na volta do Pari
02:51
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Na volta do Pari
Parou no Seu Bidú
O botequim mais pé-de-boi
Perto do metrô
Chorou dum olho só
Desceu rasgando a dor
Pediu mais uma, não deu
Pra esquentar sem cobertor
O pivetinho lhe estendeu a mão
Deu vinte e cinco pra tapar o sol
E penerou mais algum, não achou
E se fechou
E se fechou de vez
E se crispou de mal
Lembrou do fim do mês
Cismou geral
Sozinho no varal
A ressecar amor
A esperar, igual
A esperar
Na volta do Pari
Parou no Seu Bidu
O botequim mais pé-de-boi
Perto do metrô
Bebeu num gole só
Pensou na Leonor
Pediu a conta, não deu
Pra esquentar sem cobertor
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3. |
Mulambento
04:04
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Mulambento
(Danilo Moraes)
Levou um tempo, é real
Foi abrir o olho, eu vi
Na minha frente
Crescendo capim
Tava na curva de rio
Dei o fora, até que enfim
Hoje o vento mudou
Melhor assim
Eu tava um
Mulambento
Um vira-lata aflito
Animal sarnento
Cão sem dono
Xexelento
Sem nem abrir o bico
Desatento
Chão meu trono
Sincero, não me via e ninguém
Me entrego e cada dia pior
Nem quero alugar você também
Mas eu tive encoberto, uma sombra, um nó
Pagando mico sem perceber
Cruz-credo, já me sinto melhor
Pensando no que dá pra fazer
Pra sacudir a fuligem e o pó
Parece até que é delírio
É melhor aproveitar
Vai saber quanto tempo
Isso vai durar
Ainda assim acredito
É melhor correr atrás
Contornar a dor
Pra nunca mais
Ficar um
Mulambento...
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4. |
Acordo Cedo
03:50
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Acordo Cedo
(Danilo Moraes)
Acordo cedo pro trabalho
Acordo cedo com relógio
Acordo cedo com o vizinho
Com o barulho do assoalho
Acordo cedo, sinto ódio
Céu ainda azul-marinho
Acordo cedo
Acordo cedo, tô no osso
Acordo cedo pro almoço
Acordo cedo
A hora tanto faz
Fim da paz de vez
Onze e quinze
Ou dez pras três
Acordo cedo todo dia
Mas varia muito a hora
É muito cedo
Minha alma chora
Aprendi não reclamar
Dia inteiro a bocejar
Tive tempo, não usei, perdi
Meio-dia ou de madruga
A insônia me aluga
Eu já sei que não vou mais dormir
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5. |
Suprema Flor
03:22
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Suprema Flor
(Danilo Moraes/Chico César)
não há no céu
uma estrela uma lua nem um zepellin
tão belo assim
um ser um serafim
com certeza não pra mim
os aviões
deixam um rastro que some no ar
belezas haverá
aves, naves, supernovas
mas nem posso comparar
se você vem
já é tão claro que aqui está
sua presença com seu cheiro e som
que permanece bom
mesmo depois de passar
aqui no chão
flutua o astro que é minha lua e sol
suprema flor
saturno e os anéis
na dança de pouso e vôo
avança mais
façamos cais
do caos que há em nós
e ainda haverá
quando já formos os dois
só chama que o fogo uniu
nenhum brasil
brasão nação noção padrão lugar
nosso oceano é aonde for nossa nau
em toda onda do mar
e dos mares o maior
mistério que chamem de amor
essa matéria que ninguém tocou
dizem que deus soprou do alto do céu
mistério que chamem de amor
essa cantiga que um anjo cantou
me diga então porque não há no céu
só há aqui no chão
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6. |
Ledo engano
03:19
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Ledo Engano
(Danilo Moraes / Giba Nascimento)
Dizem que a culpa é da noite
é que a noite me cura de um dia escuro
seguro não tô, nunca fiz
e a conta que nunca existiu
foi tanto que eu voei
cabô que ninguém viu
Acham que eu esquento a toa
não a toa, me irrita quem vive no muro
não gostas, não tente fingir
pois curto meu curto pavio
que hora explode flor
outrora é fuzil
Dizem que o meu tempo voa
é que as vezes o tempo é ateu pro futuro
se voa é que o tempo tá bom
demora se é tempo de frio
se arrasta se é sem sal
sem perceber o cio
Acham que eu não acho nada
ledo engano, acho até flores num mal agudo
não creio em quem muito sorri
não chora quem nunca existiu`
ao ver um cego amor
tão cego que partiu
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7. |
Ponto de Vista
02:28
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Ponto de vista
(Danilo Moraes / Chico Salem)
Na casa de Canô
Num beco do Itororó
No morro Chapéu Mangueira eu vou só
No berro de um pastor
No canto de Iemanjá
No dengo entre Maomé e Alá
Tudo tem ponto de vista
O ponto cego no retrovisor
É o ponto que o motorista
Não vê moto mas vê a flor
É só sair do oculista
Um olho cego, o outro de visor
O olho bom segue a pista
E o cego relembra um amor
Num bolo de fubá
Num prato de Carurú
No gosto que tem no Tiramissu
Num drible do Pelé
Na cabeça do Zizu
Na bola na mão de Deus do gringo
Até o malabarista
Sem bola pode te causar temor
Por mais que você assista
Ele faz da beleza o horror
Se você pára na pista
O carro pode te acabar com a dor
Mas vai que você resiste
E o que era doce acabou
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8. |
No Cume da Lapa
03:50
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No cume da Lapa
(Danilo Moraes / Anelis Assumpção / Thalma de Freitas)
Na minha casa
No cume da Lapa
Por entre as camélias
Numa hora vaga
Lume
Zune no espaço
Voa no ar
Desde o meu pé
Bola quicando o muro
Raio de sol
Desenha a rede
Na parede
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9. |
Mais um Lamento
03:45
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Mais um lamento
(Danilo Moraes / Céu)
Vai ser difícil, vai
encontrar um amor como o seu, vai
como dói
no meu peito, teu gosto
é bem do jeito que eu gosto
bem do jeito
Lamento
que é só mais um lamento
entre tantos já feitos
quisera desse jeito lembrar de outro tempo
Só pra matar um pouco a saudade
mesmo assim querendo que você não ouça
meu grito aqui de longe
minha dor, meu lamento
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10. |
Zinco
03:09
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Zinco
(Danilo Moraes e Zeca Baleiro)
vou por onde já sei nunca irás
eras minha e de quem serás
sigo o meu destino e vejo por vir
sol no céu de abril a se abrir
passo e não pergunto que horas são
minha canção chora como um blues
palavras que eu disse agora eu nego
prum cego a escuridão é luz
eu te ofertava flores como quem rega paixões
e em nossos corações cresciam lírios
quem bate à porta a dor mas que importa
moro em minha casa enfim
estrelas vazam o zinco do meu peito
e a lua feito um brinco brilha em mim
passo e não pergunto que horas são
minha canção chora como um blues
palavras que eu disse agora eu nego
prum cego a escuridão é luz
que míseros mistérios de amor trago nas mãos
enquanto escorrem sonhos entre os dedos
quem bate à porta a dor mas que importa
moro em minha casa enfim
estrelas vazam o zinco do meu peito
e a lua feito um brinco brilha em mim
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11. |
Virtual
03:53
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Virtual
(Danilo Moraes / Giba Nascimento)
Tris com que eu crio um novo elo
Jaz outro perfil que eu deletei
Clic invento um rei pé de chinelo
Pra princesa que eu mesmo inventei
Quero nem ver
No boca a boca a desgraça não é pouca
Quero nem ver
E te lembrei “não vai falar”
Quero nem ver
Nome de alguém vai pra boca do sapo
Eu avisei
Sorte no amor
Ilusão, o que for
Hipnotiza e é indolor
Fantasiador sem um belo final
Vivo na real o meu amor virtual
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12. |
Lá Vai o Poeta
03:21
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Lá vai o poeta
(Danilo Moraes)
Cheio de querer saber
De querer ser, querer dizer
Que de querer nem vê
Vem com peito estufado
Cabelinho encebado
Olhar blasé
Todo todo, ele é o artista
Romancista, roteirista
Série de TV
Pé de cana é o capeta
Faz barulho, arruma treta
Arma o auê
Lá vai o poeta
Sua cura
Viatura
Quem atura
Não sossega
Outra noite inteira
Com os mendigos
Com os noinhas
Com os polícias
Na delega
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